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A minha dúvida é a respeito da etimologia de determinadas palavras cuja raiz é de origem latina, por ex. bondade, sensibilidade, depressão, etc. No Dicionário Priberam elas aparecem com a terminação nominativa mas noutros dicionários parece-me que estão na terminação ablativa e não nominativa. Gostaria que me esclarecessem.

2007-03-14T13:13:09, P. T.,

O Dicionário Priberam da
Língua Portuguesa
regista, por exemplo, na etimologia de

bondade
,

sensibilidade
ou

depressão
, as formas que são normalmente enunciadas
na forma do nominativo, seguida do genitivo: bonitas, bonitatis (ou
bonitas
, -atis) (ou
sensibilitas
, -atis) e depressio, depressionis (ou
depressio
, -onis).

Noutros dicionários
gerais de língua portuguesa, é muito usual o registo da etimologia latina
através da forma do acusativo sem a desinência -m (não se trata, como à
primeira vista pode parecer, do ablativo). Isto acontece por ser o acusativo o
caso lexicogénico, isto é, o caso latino que deu origem à maioria das palavras
do português, e por, na evolução do latim para o português, o -m da
desinência acusativa ter invariavelmente desaparecido. Assim, alguns dicionários registam, por exemplo, na etimologia de bondade, sensibilidade ou depressão, as formas bonitate, sensibilitate e depressione,
que foram extrapoladas, respectivamente, dos acusativos bonitatem,
sensibilitatem
e depressionem.

Esta opção de apresentar o acusativo apocopado pode causar alguma perplexidade
nos consulentes dos dicionários, que depois não encontram estas formas em
dicionários de latim. Alguns dicionários optam por assinalar a queda do -m,
colocando um hífen no final do étimo latino (ex.: bonitate-, sensibilitate-,
depressione-). Outros, mais raros, como o Dicionário da Língua
Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa
ou o
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa
optaram por enunciar os étimos
latinos (ex.: bonitas, -atis; sensibilitas, -atis, depressio, -onis),
não os apresentando como a maioria dos dicionários; o Dicionário da Língua
Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa
não enuncia o
étimo latino dos verbos, referenciando apenas a forma do infinitivo (ex.:
fazer < facere; sentir < sentire
).

2007-03-14

Helena Figueira

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