Destes derivados de topónimos, qual o que está bem grafado: espírito-santense ou santomense?
2007-03-19T18:28:28, O. F., Cabeceiras de Basto
Ambos os gentílicos
espírito-santense e santomense estão bem grafados, segundo vários dicionários de língua portuguesa, nomeadamente o
Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa
e o Dicionário Houaiss.
Estes gentílicos derivam, respectivamente, dos
topónimos Espírito Santo (estado brasileiro) e São Tomé (ilha do arquipélago de
São Tomé e Príncipe), com aposição do sufixo -ense.
Os gentílicos
santomense e sã-tomense são variantes da forma
são-tomense (mais usual), e derivam de uma forma apocopada de
Sã[o] Tomé, fenómeno
muito frequente em derivados de nomes próprios que contêm São (ex.: São
João > sanjoaneiro, sanjoanino, a par de são-joaneiro, são-joanino).
Entre santomense e sã-tomense, esta última deverá ser a forma preferencial, pois, ainda que, segundo a base XII do
Acordo Ortográfico de 1945, as grafias
santomense e sã-tomense sejam
possíveis, visto que san não ocorre "em fim de palavra, ou em fim de
elemento seguido de hífen" e visto que sã- ocorre "em fim de palavra, ou em fim
de elemento seguido de hífen", o mesmo acordo prevê, na base XXVIII, que
"os derivados directos dos compostos onomásticos em referência, tanto dos que
requerem como dos que dispensam o uso do hífen, exigem este sinal", isto é,
que um gentílico derivado de um composto onomástico como Sã(o) Tomé deva ser
hifenizado.
Além das formas já referidas, o gentílico de São Tomé pode ainda ser são-tomeense, mantendo o e
final de Tomé, à semelhança do que acontece em Guiné > guineense.
O Acordo Ortográfico de 1990 não se pronuncia sobre estas formas.
2007-03-22
Helena Figueira