Está correto dizer macérrimo para uma pessoa muito magra?
2005-01-05, L. A.,
O
superlativo absoluto sintético simples dos adjectivos (aquele que exprime, através
de uma só palavra, um elevado grau de determinado atributo ou qualidade) forma-se, em
português, através da adjunção do sufixo –íssimo ao adjectivo (ex.:
vulgaríssimo, tristíssimo, cheiíssimo).
Alguns adjectivos, porém, apresentam um superlativo alternativo, derivado do
superlativo latino. É o caso de magro, que forma, além do superlativo
regular magríssimo, o superlativo irregular macérrimo (do
latim macerrìmus, -a, -um, superlativo de màcer “magro, debilitado”), tal
como célebre (celebérrimo ou celebríssimo), pobre (paupérrimo
ou pobríssimo), próspero (prospérrimo ou prosperíssimo).
Outros casos de superlativos eruditos incluem formas terminadas em –imo,
como fácil (facílimo ou facilíssimo), bem como formas que
derivam do latim ou que recuperam parte do radical latino, como simples (simplicíssimo
ou simplíssimo), respeitável (respeitabilíssimo),
ineficaz (ineficacíssimo), chão (chaníssimo).
Não há
muitos superlativos eruditos, sendo fácil encontrá-los elencados em compêndios
gramaticais, como na Nova Gramática do Português Contemporâneo (Lisboa:
Edições Sá da Costa, 1998, pp. 258-259).
Recentemente, o sufixo –érrimo, característico de superlativos eruditos,
tem sido usado, seja por desconhecimento, seja por ironia, em formações
novas, inexistentes no latim, como chatérrimo (em vez de chatíssimo)
ou chiquérrimo (em vez de chiquíssimo). No caso do adjectivo
magro, este sufixo gerou ainda a forma magérrimo,
dispensável em registos de língua cuidados.
2005-01-05
Cláudia Pinto