FLiP – Ferramentas para a Língua Portuguesa

Acabo de ler uma resposta dada a uma pesquisa, que recebeu o nome de: "se apassivante/se impessoal [Sintaxe /
Pronomes]". Restou-me, porém, a seguinte dúvida: quando se tratar da expressão arquivem-se os autos, muito utilizada em despachos e sentenças judiciais, seria salutar manter o verbo no singular, já que há contida nele uma ordem para que alguém arquive os autos, ou devo deixá-lo no plural, por estar, em tese, ligado a um pretenso sujeito no plural?

2005-06-01, F. M.,

A presença do
presente do conjuntivo (ou presente do subjuntivo, no Brasil) não altera o que
foi afirmado relativamente a outra dúvida sobre se apassivante/se impessoal (I). Assim, na construção com valor
imperativo arquivem-se os autos, o sujeito da frase é os autos e o
verbo arquivem-se concorda com o sujeito; esta frase corresponde
semanticamente a uma frase passiva os autos sejam arquivados.

Se formulássemos uma
frase arquive-se os autos (correcta do ponto de vista linguístico e
lógico, mas desaconselhada por alguns gramáticos), o sujeito seria o pronome
pessoal indefinido se, que corresponde sempre a uma terceira pessoa do
singular com a qual concorda o verbo arquive e o sintagma nominal os
autos
seria complemento directo do verbo; esta frase corresponde
semanticamente a uma frase activa alguém indefinido arquive os autos.

Deste modo, e
respondendo directamente à dúvida colocada, a expressão arquivem-se os autos
está correcta e é até considerada preferível a arquive-se os autos.

2005-06-01

Helena Figueira

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