Podemos considerar que a palavra social-democrata admite dois plurais: sociais-democratas ou social-democratas.
O plural das palavras compostas é por vezes problemático para os utilizadores da língua, pois obedece a regras nem sempre evidentes. Por este motivo, muitos dicionários de língua preocupam-se em registar o plural destas palavras (é o caso, para o
português europeu, do Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências/Verbo, ou do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, do Círculo de Leitores).
Em traços muito gerais, as regras de flexão de palavras compostas hifenizadas podem resumir-se em algumas alíneas:
a) Se a palavra é formada por um substantivo seguido de preposição e de outro(s) substantivo(s) (ex.: chapéu-de-chuva, bordão-de-são-josé), flexiona apenas o primeiro substantivo (ex.: chapéus-de-chuva, bordões-de-são-josé).
b) Se a palavra é formada por um substantivo seguido de adjectivo (ex.: secretaria-geral), ou por adjectivo seguido de substantivo (ex.:
segundo-cabo), ou por adjectivo seguido de adjectivo (ex.: surdo-mudo),
flexionam os dois vocábulos (ex.: secretarias-gerais, segundos-cabos,
surdos-mudos).
c) Se a primeira palavra do composto é invariável, por exemplo, um advérbio (ex.
além-mar), um elemento de formação (ex.: auto-acusação) ou uma
forma verbal (ex.: beija-flor), flexiona apenas a segunda palavra (ex.:
além-mares, beija-flores, auto-acusações).
d) Se a palavra é formada por dois substantivos (ex.: balão-sonda, escola-piloto
) ambos os substantivos são flexionados (ex.: balões-sondas,
escolas-pilotos), excepto se o segundo substantivo se tratar
de um “determinante específico” (CUNHA e CINTRA, Nova Gramática do Português
Contemporâneo, Edições João Sá da Costa, 1998, p. 188), caso em que a
segunda palavra do composto deve ficar invariável (ex.: balões-sonda,
escolas-piloto). É difícil ajuizar se se trata ou não de um
determinante específico, isto é, um substantivo com a função de determinar,
qualificar ou limitar características do primeiro substantivo; por este motivo,
nestes casos, é frequente haver nos dicionários registo de dois plurais.
Analisando agora a palavra social-democrata verificamos que é possível
considerar que se trata de dois adjectivos, equivalendo a social e
democrata, ou de adjectivo (social) seguido de um substantivo (democrata),
equivalendo a ‘um democrata que é social’. Neste caso, o plural deverá
ser sociais-democratas, como considera o Dicionário da Língua
Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências/Verbo. Por outro lado, se
social for entendido como um elemento de composição, e não como um
adjectivo, o plural deverá ser social-democratas, como considera José
Pedro MACHADO no seu Grande Vocabulário da Língua Portuguesa (Âncora,
2001). Esta interpretação poderá eventualmente encontrar contra-argumentação no
facto de o elemento de composição mais usual para exprimir a noção de social ser
socio- (ex.: socioeconómico). Por este motivo, o Dicionário Priberam (e também o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, Lisboa: Círculo de Leitores, 2001) regista ambos os plurais. |