É muito frequente
não haver consenso quanto à defectividade de um verbo e o caso do verbo
imergir (bem como dos seus cognatos
emergir,
reemergir, reimergir e
submergir) é paradigmático, divergindo as fontes de referência.
Das obras
consultadas, apenas o Dicionário da Língua Portuguesa, ([CD-ROM], versão
1.0, Porto Editora/Priberam Informática, 1996) e o Dicionário Aurélio
(Curitiba: Positivo, 2004) consideram este verbo como defectivo, isto é, não
apresentam todas as formas do paradigma de conjugação a que o verbo pertence
(neste caso, as formas da primeira pessoa do presente do indicativo, todo o
presente do conjuntivo e as formas do imperativo que deste derivam). A
Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso CUNHA e Lindley CINTRA
(Lisboa: Edições Sá da Costa, 1998) também assim o classifica (p. 445), a par de
emergir, mas não faz o mesmo com o cognato submergir, que considera
regular e conjugável com -e- no radical da primeira pessoa do presente do
indicativo e em todo o presente do conjuntivo (p. 420).
Quando o verbo é
conjugado em todas as formas, as obras de referência têm opções divergentes.
Por um lado, obras
como a Moderna Gramática Portuguesa, de
Evanildo BECHARA (Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2002, p. 275) e o Dicionário
Eletrônico Houaiss ([CD_ROM] versão 1.0, Rio de Janeiro: Instituto Antônio
Houaiss / Objetiva, 2001) defendem que este verbo tem uma conjugação regular (apenas com
adaptação ortográfica de -g- para -j- antes de -a ou -o),
preceituando imerjo como a forma da primeira pessoa do singular do
presente do indicativo (e, consequentemente, imerja, imerjas, imerja,
imerjamos, imerjais, imerjam no presente do conjuntivo).
Por outro lado,
obras como o Dicionário dos Verbos Portugueses (Porto: Porto Editora,
1996), o Vocabulário da Língua Portuguesa, de Rebelo GONÇALVES (Coimbra:
Coimbra Editora, 1966), o Grande Vocabulário da Língua Portuguesa, de
José Pedro MACHADO (Lisboa: Âncora Editora, 2001) e o Dicionário Dom Quixote dos verbos da língua
portuguesa : as flexões, conjugações, regências e particularidades de todos os
verbos da língua portuguesa, de Ana Maria GUEDES e Rui GUEDES (Lisboa: Dom
Quixote, 1999) preconizam imirjo como
a forma da primeira pessoa do singular do presente do indicativo (e,
consequentemente, imirja, imirjas, imirja, imirjamos, imirjais, imirjam
no presente do conjuntivo), tratando-se nesse caso de um verbo irregular, uma
vez que tem uma alternância vocálica gráfica nessas formas e não segue o modelo
do paradigma da terceira conjugação, a dos verbos em -ir. Também o
Dicionário de Língua Portuguesa da Infopédia, propriedade da Porto
Editora, reconhece imirjo como flexão de imergir (o que não
acontece com imerjo).
Da informação acima
apresentada se pode concluir que uma resposta peremptória a este tipo de
questões é impossível e mesmo inadequada, estando qualquer opção do utilizador
da língua justificada e secundada por sólidas referências lexicográficas. Por
este motivo, o corrector ortográfico do
FLiP e o seu
Conjugador aceitam as formas com -i- ou com -e-
em que ao radical se segue -a ou -o: imerjo, imerja, imerjas,
imerja, imerjamos, imerjais, imerjam / imirjo, imirja, imirjas, imirja,
imirjamos, imirjais, imirjam. Não havendo consenso, a decisão de utilização
de uma ou outra forma caberá sempre ao utilizador da língua, devendo este manter
a opção que tomar, pelo menos dentro do mesmo texto ou documento, por uma
questão de coerência.
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