[Ortografia / Fonética e Fonologia / Acordo ortográfico]
A palavra secção nos novos dicionários de várias editoras sofre alteração e passa a ser seção depois de aplicado o Acordo Ortográfico e não tem as duas grafias. No vosso conversor, secção não é convertida para seção. De qualquer maneira não faz nenhum sentido retirar o c à palavra secção e confunde-se com a palavra sessão na expressão oral, só se conseguindo distinguir na escrita. Como é que se pode explicar isto? Este acordo ortográfico não faz sentido nenhum nem sequer consigo entender como ninguém faz mais nada.
M. M. S. R. S. , Inglaterra
Como previsto pelo texto do
Acordo Ortográfico de 1990, as duplas grafias são
aceites pelo corrector ortográfico em casos em que a chamada "norma culta"
hesita entre a prolação e o emudecimento das consoantes c e p. A "norma culta", que o texto legal tantas vezes invoca como critério para aproximar a grafia da pronúncia, é difícil de aferir, pelo que, para as opções do corrector ortográfico, a Priberam levou em consideração a transcrição fonética ou as indicações de ortoépia registadas em dicionários e vocabulários.
A grafia da palavra secção não sofre alteração com a aplicação do Acordo
Ortográfico de 1990, uma vez que, na norma europeia do português, o -c- é
pronunciado, como poderá verificar pela consulta de dicionários ou vocabulários
com transcrição fonética ou ortoépica, nomeadamente no Dicionário da Língua
Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa ou no
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Este caso é semelhante a outros em que a consoante é pronunciada (ex.: adaptar, facto, intelectual, pacto) e que, consequentemente, não sofrem alteração no português europeu com a aplicação do Acordo Ortográfico de 1990.
A pronúncia se[s]ão
não corresponde a uma articulação usual no português europeu, mas sim no português
do Brasil, onde a grafia seção é a mais usual e coexiste com a grafia
secção, correspondendo cada grafia a uma pronúncia diferente.
Estas diferenças de pronúncia entre a norma europeia do português e a norma
brasileira originam que, mesmo com a aplicação do Acordo Ortográfico, sejam
privilegiadas grafias diferentes em cada uma das normas (ex.: académico, facto e
receção, na norma europeia; acadêmico, fato e recepção, na
norma brasileira).
Ver também: unificação da língua portuguesa?; português europeu ou português luso-africano?; variedades de português; Acordo Ortográfico; Critérios do FLiP relativamente ao Acordo Ortográfico
Helena Figueira, 19/03/2009Notas
- As respostas são datadas e escritas segundo a ortografia da norma europeia anterior ao Acordo Ortográfico de 1990.
- A base do dicionário foi alterada a 1 de Abril de 2009, pelo que as referências em dúvidas anteriores a esta data podem não corresponder ao conteúdo actual.
- As respostas sobre questões ortográficas são maioritariamente baseadas na norma ortográfica portuguesa de 1945, contendo as respostas mais recentes indicações sobre a ortografia antes e depois do Acordo Ortográfico de 1990.
- A bibliografia utilizada está disponível aqui.