Relativamente à resposta 3416 ("plural de pixel/píxel") há uma questão que não está a ser respeitada e é importante. Pixel é uma unidade e, cientificamente falando, unidades não têm plural por isso não deveria ser nem pixels nem píxeis, mas Pixel. É comum usar plural em unidades comuns como o metro, mas não quer dizer que esteja correcto, afinal também é comum dizer
a grama em vez de o grama. Se aprendemos a dizer 10Newton, 20Hertz, 40Tesla, porque não podemos aprender 10 metro ou 20 Pixel? D. M.
(Portugal) |
Esta é uma dúvida recorrente, sobretudo com unidades de medida, e acontece por analogia com a
utilização dos símbolos internacionais das unidades, que são válidos tanto para
o singular, como para o plural (ex.: 1 m = um metro; 30 m = trinta metros).
Estes símbolos ou códigos internacionais visam uniformização e a
facilidade na troca de informação, mas constituem uma terminologia usada na
escrita em domínios técnicos, científicos ou especializados e não podem
confundir-se com a língua corrente. Se os símbolos ou códigos (ex.: 10 N, 20
Hz, 40 T, 10 m) não obedecem às regras de flexão e não têm plural, o mesmo
não acontece com os nomes das unidades (ex.: 10 newtons, 20 hertz, 40
teslas, 10 metros). Aliás, o Bureau
International des Poids et Mesures (BIPM) recomenda que os nomes das unidades sejam
tratados como nomes comuns (veja-se o ponto 5 "Règles d’écriture des noms et
symboles d’unités et expression des valeurs des grandeurs" da brochura
Le Système
international d’unités (SI); cf. nota no final deste texto).
Guilherme de Almeida, que, em Sistema Internacional de Unidades (SI) -
Grandezas e Unidades Físicas - Terminologia, símbolos e recomendações, analisa a
problemática das unidades SI, nomeadamente em relação à língua portuguesa,
afirma também que "os nomes das unidades admitem plural" (p. 44) e apresenta "alguns
exemplos do critério que, segundo o BIPM, deve ser adoptado quando os
nomes das unidades são escritos por extenso", mostrando como correctos 2
miliamperes e 5,2 metros por segundo e como incorrectos *2
miliampere e *5,2 metro por segundo (o asterisco indica
agramaticalidade, neste caso, falta de concordância).
Relativamente a pixel ou píxel, não se trata de uma das unidades
SI, sobre as quais há diversas uniformizações e recomendações, nem há, pelas
referências consultadas, uma definição inequívoca do conceito (mesmo a sua
definição como unidade de medida parece ser complexa; cf.
http://en.wikipedia.org/wiki/Pixel#Megapixel). Aparentemente, não há também
um símbolo convencionado para esta unidade, podendo encontrar-se, entre outros,
os símbolos P, p ou px.
Pelos motivos acima apontados, reiteramos as recomendações relativas à grafia e
flexão sempre que esta palavra for usada como
nome comum em português.
Nota:
Le Système
international d’unités (SI), p.42 [tradução nossa]:
"5.2 Nomes das unidades
[...] Os nomes das unidades são impressos em caracteres romanos (redondos) e são considerados como nomes comuns. Em francês e em inglês os nomes de unidades
começam por uma minúscula (mesmo se o símbolo da unidade começa por uma
maiúscula), excepto se se encontram em início de frase ou num título em
maiúsculas. Segundo esta regra, a escrita correcta do nome da unidade cujo
símbolo é °C é «grau Celsius» (a unidade grau começa pela letra g em minúscula e
o qualificativo «Celsius» começa pela letra C em maiúscula porque é um nome
próprio). Ainda que os valores das grandezas sejam geralmente expressos através
de números e de símbolos de unidades, se por qualquer razão o nome da unidade é
mais apropriado que o seu símbolo, é conveniente a escrita por extenso do nome
da unidade (2,6 m/s ou 2,6 metros por segundo)." |
Bibliografia: João Andrade PERES e Telmo MÓIA, Áreas Críticas da Língua Portuguesa, Lisboa: Editorial Caminho, 1995, pp.512-517. Guilherme de ALMEIDA, Sistema Internacional de Unidades (SI) - Grandezas e Unidades Físicas -
Terminologia, símbolos e recomendações, Plátano Ed., 3.ª ed., Lisboa: 2002, p.44. BUREAU INTERNATIONAL DES POIDS ET MESURES, Le Système international
d’unités (SI), Organisation intergouvernementale de la Convention du Mètre:
Paris, 2006, 8.ª ed. |